"Não
sois máquinas! Homens é que sois”
Ferreira Santos
A frase acima de autoria
de Charles Chaplin, talvez retrate o pouco do contexto por que passam milhares de
policiais militares em todo Brasil.
Desde que ingressei nas fileiras da
gloriosa PMDF, há cerca de 25 anos, já ouvi muitas promessas, vindas de pessoas
que se intitulavam representantes dos soldados, cabos, sargentos e subtenentes
da PMDF. Uma destas promessas e a que mais chama atenção, era a construção de
uma vila militar destinada aos policiais militares, onde o policial pudesse
morar com a família com mais segurança. Porém 25 anos depois o orgulho de ser
policial militar continua, entendo que a instituição não pode pagar o preço por
conta de seus administradores, que focam apenas interesses individuais e sem nenhum comprometimento
com a tropa. Além disso, tudo que hoje sou e tenho, devo a PMDF.
Neste período
perdi as contas de quantas fichas preenchi com a promessa de receber moradia. Se
fosse ganhar lote, casa ou apartamento por ficha preenchida seria um dos maiores
latifundiário de Brasília. Porém, tudo não passava de mera especulação política
e pessoas que buscavam apenas interesses individuais, mesmo que para isso tivesse que explorar as dificuldades
alheias. Gente que usa a força policial, para alcançar projeção política ou
cargos dentro do governo. Estas pessoas conseguiram seus objetivos políticos,
porém muitos policiais continuam sem ter onde morar, desmotivados e desvalorizados.
Tem gente que mudam de
time do dia pra noite, antes pregava que os policiais militares tinham que
reivindicar direitos, hoje ocupado cargo político, vai aos quartéis e tenta
fazer com que os policiais não reivindiquem seus direitos. Tentando proteger interesses
individuais.
Se a policial feminina
Márcia Policarpo assassinada hoje (17) tivesse morando em um lugar seguro, como
numa vila militar, prometida por governos passados quem sabe ela ainda teria
viva. Assim como ela outros policiais militares moram frente a frente com
bandidos e ao saírem para trabalhar deixam suas famílias a mercê da sorte. Não
há por parte do estado a preocupação em zelar pelo servidor seja ele policial
militar, Bombeiro, civil, professor ou médico.
O que mais revolta é que
a preocupação de quem deveria fazer alguma coisa, é com a gratificação e o
poder que o cargo lhe oferece. Esse é o perfil das autoridades brasileiras no
contexto político nacional, que usam as leis para reprimir quem levantar a voz
contra o sistema. Infelizmente a policial executada quando saia para trabalhar
na ajuda a outros policiais militares com os mais diversos problemas, é mais
uma vítima da inércia do estado.
Desafio o estado a fazer
em todo território brasileiro uma pesquisa focando, onde mora cada policial
militar, o estado psicológico de cada um, sua insatisfação com salários,
valorização, insegurança e quantos estão doentes vai saber que o estado não lhe
oferece moradia nem dignidade ao policial. Semana passada em Sobradinho, uma
policial feminina também foi abordada quando chegava a sua casa. Dois delinqüentes
armados a renderam na garagem levando seu carro. O caso está registrado na
delegacia da área. Semanas atrás no Gama, um policial militar foi baleado
quando tentava desarmar um menor infrator. Existe lei para todos e tudo, porém
não tenho conhecimento de nenhuma lei que proteja o policial militar, o civil,
o federal e seus familiares, mas, a cobrança em cima destes profissionais é
constante e cercada de câmeras com suas lentes tendenciosas.
Para a família da policiai militar o consolo de Deus.