TROPA DE CHOQUE DA PMGO VOLTARÁ ÀS RUAS E SERÁ CRIADO UM BATALHÃO DE POLICIAMENTO VELADO
A Polícia Militar de Goiás retomará práticas suspensas há nove meses, desde a prisão de 19 acusados de envolvimento com um grupo de extermínio, todos PMs, entre eles o então subcomandante da corporação, coronel Carlos Cézar Macário. As medidas incluem o retorno às ruas, em até 15 dias, dos policiais do Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), com uniformes e carros pretos. A instituição criará um batalhão velado, para fazer o policiamento sem identificação. Já o Entorno ganhará 30 unidades de policiamento comunitário, no molde das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro.
Mas os planos dos responsáveis pela segurança pública no estado vizinho ao DF receberam duras críticas de entidades defensoras dos direitos humanos, inclusive da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República — as mudanças nos quadros e na maneira de agir foram anunciadas pelo novo comandante da PM goiana, coronel Edson Costa Araújo, empossado na segunda-feira. “Fazer policiamento velado, sem identificação, é intolerável no Estado de direito”, afirmou o secretário executivo do órgão federal, Ramais de Castro Silveira, durante a assembleia itinerante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), ontem, em Goiânia.
Segundo o coronel Edson Costa Araújo, é preciso apertar o cerco à criminalidade. “Isso é uma máxima para nós. Podemos estabelecer um nível de preocupação e de medo por parte do marginal. Mato que tem onça, macaco não desce do pau”, afirmou, em entrevista coletiva. As medidas têm total apoio do secretário de Segurança Pública de Goiás, João Furtado Neto. “Os homens de preto estão de volta”, ressaltou.
No entanto, o secretário e o novo comandante da PM não falaram dos crimes atribuídos aos integrantes da corporação, principalmente da Rotam. Os homens de preto mataram mais de 100 pessoas em supostos confrontos, em menos de dois anos, na década passada. Tal prática, realizada por ex-integrantes da Rotam a de outros pontos de Goiás, como o Entorno, não resultou na diminuição dos índices de violência no estado.
Sobre a região vizinha ao DF, onde os policiais civis estão em greve há 38 dias (leia ao lado), o comandante Edson Araújo afirmou estar “trabalhando em conjunto com policiais da região”. No entanto, sem explicar tal trabalho nem explicar como, de que forma e onde serão instaladas as UPPs goianas, ele jogou a culpa pela caótica situação do Entorno para o DF e a União, repetindo o discurso dos seus antecessores e das demais autoridades que deveriam cuidar da segurança em todo o Goiás. “A culpa é da situação política. Ainda não perdemos território ali, mas estamos caminhando para isso. A miséria não respeita divisa, e o Distrito Federal precisa entender que a solução é um trabalho em conjunto”, afirmou.
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